
Durante mais de dois meses, mais de 13 mil moçambicanos estiveram refugiados no Malawi. Chegaram ao país vizinho em Dezembro do ano passado, na sequência dos protestos pós-eleitorais. E, nesta quinta-feira, 27 de Fevereiro, chegou a hora de regressarem às suas casas, para retomarem as suas vidas.
Para o efeito, diversas equipas conjuntas de trabalho de Moçambique, Malawi e organizações internacionais estiveram a trabalhar, nos últimos dias, no sentido de criar condições para este processo.
Justamente no momento em que devia iniciar-se o repatriamento, choveu muito, o que causou o transbordo do rio Chire, que faz fronteira com Moçambique, através do distrito de Morrumbala.
“Será por esta via que vai decorrer o transporte de moçambicanos ao país. Nós, aqui, no Malawi, posicionámos dois camiões com capacidade de cinco toneladas, que é para poder movimentar as pessoas e bens. Do outro lado, também temos o mesmo número, portanto, temos dois camiões, que é para poder movimentar as pessoas. Em termos de embarcações, temos quatro, uma com capacidade para 20 pessoas e as outras três com capacidade para 12. Portanto, todas essas embarcações podem transportar de uma só vez 56 pessoas. Choveu muito nos últimos dois dias, portanto, todas as águas que vêm a montante vão escorrendo em direcção ao rio. O rio, neste momento, está cheio. É só ver que a água transbordou, mas também a água que vem a montante, toda ela se acumula aqui”, explicou um dos responsáveis do ING.
Adiante, a fonte referiu que “o cenário que nós pudemos ver de manhã, por volta das oito horas, quando estivemos cá, revelava que tende a baixar consideravelmente”.
Das mais de 13 mil pessoas que deviam ser repatriadas, segundo dados fornecidos pelo Governo malawiano, até esta quinta-feira a parte moçambicana já tinha contabilizado mais de 7 mil, provenientes de Morrumbala e Milange, na Zambézia, e Doa e Mutarara, em Tete. Alguns cidadãos que falaram ao “O País”, manifestaram que estavam ávidos em regressar às suas casas.
“Estou muito satisfeito por regressar. Quando saí de lá para cá, ouvi dizer que já não tenho casa, porque destruíram. Então, não sei quais são as condições que o nosso Governo criou. Não sabemos para onde vamos”, disse um dos repatriados.
Outro repatriado ouvido pelo nosso jornal indicou que “recebi a informação de que a minha casa estava destruída”.
O ministro do Interior, Paulo Chachine, esteve no centro de refugiados para dialogar com as autoridades locais, mas fundamentalmente, com os moçambicanos. Chachine voltou a garantir que as condições para o repatriamento estavam criadas.
“Estiveram aqui por alguns meses. Viveram aqui, neste campo, com todas as dificuldades. Sempre tiveram alguma coisa, mesmo não sendo muito, mas sempre tiveram alguma coisa, porque, no meio de dificuldades, não é o muito que interessa, é aquele pouco, para nos mantermos. Agora, neste momento, meus irmãos moçambicanos, chegou o tempo de voltarmos para casa. Chegou o tempo de recomeçarmos as nossas vidas em casa.”
Fonte: O país