Wednesday, March 12, 2025
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Corredor do Lobito: Política de Donald Trump preocupa Angola

Corredor do Lobito: Política de Donald Trump preocupa Angola

Promotores e responsáveis norte-americanos receiam que a administração do novo Presidente Donald Trump possa colocar em perigo o investimento no Corredor do Lobito, na província de Benguela. A notícia, divulgada pela agência de informação financeira Bloomberg, constitui uma preocupação para Angola, que assinou acordos com os Estados Unidos visando o incremento de vários projetos naquele empreendimento, comparticipado com um financiamento de 4 biliões de dólares.

Para combater a influência da China, principalmente em África, os Estados Unidos aprovaram, ano passado, um empréstimo de 553 milhões de dólares para o Corredor do Lobito, um corredor ferroviário que se destina sobretudo ao transporte de minerais estratégicos da República Democrática do Congo (RDC) e da Zâmbia até ao porto angolano doLobito.

A Agência dos Estados Unidos para o Desenvolvimento Internacional (USAID) também já deu 250 mil dólares para estudos de modelos de financiamento para a renovação da linha férrea. Mas, neste momento, o financiamento para estudos e serviços técnicos e os pagamentos estão congelados no âmbito da suspensão da ajuda externa dos EUA, segundo a Bloomberg.

Em entrevista à DW, a partir de Benguela, o jurista e analista angolano Jaime Azulay diz que não são boas notícias para Angola, referindo que a administração do Presidente Trump deve ser incentivada, por via diplomática, a “retomar os compromissos que vinculam os Estados”. Num apelo às linhas de força da diplomacia angolana, o analista reforça, por outro lado, que “Angola não deve depender de um único parceiro.”

DW África: Que impacto terá em Angola um eventual corte de financiamento dos Estados Unidos ao Corredor do Lobito?

Jaime Azulay (JA): De facto, ouvimos essa notícia de que, eventualmente, já foi decretado um congelamento ao financiamento dos Estados Unidos ao projeto do Corredor do Lobito. Claro que isso não é uma boa notícia para Angola, porque Angola depositava grandes expectativas nesse projeto. Mas também é de dizer que não será o fim do mundo.

Se verificarmos bem, as linhas de força a nível das relações internacionais e, de uma maneira concreta, da diplomacia angolana é que Angola não deve depender de um único parceiro. E, então, [deve] ter um leque diversificado de parceiros que permitam que essa cooperação seja sempre assegurada.

DW África: Poderá ser uma grande oportunidade também para a China avançar isoladamente nesta disputa com os Estados Unidos em Angola?

JA: Eu não sei quais os mecanismos jurídicos que sustentam esses acordos que foram feitos com os Estados Unidos. Eu acho que a melhor saída será uma diplomacia muito mais forte por parte de Angola, que consiga convencer a nova administração americana de que, primeiro, também é do seu interesse. Porque os Estados Unidos têm um interesse muito grande em diversificar as suas fontes energéticas, particularmente no que se refere aos minerais estratégicos que se diz que vão substituir o petróleo a nível das indústrias.

Portanto, é algo de interesse. Então, deve-se explicar convenientemente à nova administração americana de que eles devem retomar os compromissos que vinculam os Estados e não vinculam simplesmente às administrações, não é?

DW África: Ou seja, neste caso, o Governo angolano deverá pressionar a administração de Trump a assumir e a respeitar os compromissos que Joe Biden foi a Angola assinar no que diz respeito ao Corredor do Lobito?

JA: A presença dos Estados Unidos no projeto do Corredor do Lobito não está sendo feita apenas com a intervenção de empresas americanas. Há uma envolvência do próprio Estado americano, que respondeu por uma boa fatia desse investimento.

Mas o Presidente Trump opta por uma política de rutura em muitos acordos que vinculavam a anterior administração do Presidente Joe Biden. Angola, em concertação com seus parceiros interessados nesse projeto do Corredor do Lobito, tem que encontrar as saídas mais viáveis para que, de facto, esse projeto não adormeça e seja mais um peso morto para a economia angolana e para a economia dos países que dependem também do Corredor do Lobito.

Contudo, também devemos dizer que os últimos acontecimentos que estão a ocorrer na República Democrática do Congo (RDC) também vêm, de certa forma, como algo que pode condicionar o início pleno do projeto do Corredor do Lobito.

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